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Aniquilados pelo Poder

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Todos nós buscamos sempre o melhor! Passamos a vida trabalhando para cumprir metas e alcançar objetivos que são traçados ao longo dos dias. Cursar uma faculdade, buscar pela profissão dos sonhos, trabalhar, ganhar dinheiro, comprar a casa dos sonhos, o carro do ano, se puder até vestir algumas peças de grife também não fica mal. O que se percebe é que a maioria dos objetivos giram em torno da satisfação profissional e financeira. Poder exibir e até ostentar para a sociedade que se pode ter o “melhor” é um anseio de muitos. Até aí tudo normal, saudável.

O problema começa quando o desejo pelo crescimento começa a ultrapassar todos os limites. Quando o desejo pelo “quanto mais melhor” começa a ultrapassar as balizas do caráter e o desejo pelo poder se sobrepõe a qualquer outra coisa, é momento de refletir. Sempre digo que não há dinheiro no mundo que pague a minha paz. Escolho viver tranqüila com minha consciência. A veleidade desenfreada pelo poder sai destruindo não só com a pessoa, mas, em muitas vezes, chega a causar um mal muito maior, envolve até toda uma sociedade. Há aqueles que desejam tanto chegar longe que praticamente negociam sua alma com o diabo. Praticamente nada, vendem literalmente suas vidas para ter um pouquinho do “poder” em suas mãos. Perdem a paz! Perdem o sossego! Perdem a própria vida!

Os exemplos mais comuns acontecem com os políticos. Alguns para conseguir alcançar seus desejos se envolvem em negociatas que, se for contar aqui, vão pensar até que é história de filme de ficção. Conto da carochinha ou não, esses acordos feitos, envolvendo votos, eleitorado e até venda de mandato! Estes diminuem nas mesas de toda uma sociedade todos os dias, o pão de cada dia, na sala de aula a qualidade na educação, no esporte as oportunidades do crescimento de grandes atletas e por aí vai... Melhor mesmo é nem falar! Irrita pensar que tanta coisa boa deixa de ser feita, para engordar a conta de alguém que trabalha apenas pelo benefício próprio!

Os acordos são fechados e quando se alcança o que se quer é que vem a trabalheira. Ter que dar conta de tudo que ficou acordado é muito mais difícil do que se pensava. A paz já não existe, o sossego nem pensar! Mas nada disso abala, o regozijo de está onde tanto queria é o que mais importa no momento. É... mas até quando? Até quando dá para suportar a pressão? Até onde vale a pena ter ou está no poder? Até que ponto o dinheiro vale mais que o caráter do homem?

Ser criança

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Coisa mais linda do mundo é você ver uma criança feliz, saudável e brincando. Uma criança saudável é assim, rir, cai e levanta, às vezes um choro, mas principalmente adora se comunicar. Já repararam que alguns são meio tímidos nos primeiros contatos, mas logo se percebe que quer aproximação? Pois é! Criança é o ser mais amável, dócil e carente de amor.

A carência ainda é maior quando esta criança sofre algum problema. Um domingo desses fui com minha família almoçar na casa de um amigo. Ainda não conhecia a família dele, sabia apenas que tinha dois filhos, uma menina e um bebê. Neste dia foi que conheci a Aninha*. Aos quatro anos de idade, sapeca, peralta. Um detalhe me chamou a atenção logo que a vi, ela anda nas pontas dos pés. Lembrei do filho de amigo. Mas mesmo assim imaginei ser mania da menina.
Tentei uma aproximação com a Aninha*, mas logo uma pessoa comentou: “Quer levar a Aninha* pra tua casa? Aposto que você não agüenta uma hora com ela”. No contato ela pouco me deu atenção, tentei outras vezes falar com ela, mas nenhum sucesso, ela mal me olhava! Então um comentário da mãe: “A Aninha* vive assim mesmo, só se comunica quando quer, parece que vive no mundo dela”. Mais uma vez estranhei o comportamento da menina, apesar da minha pouca experiência com criança, convivo com o filho do meu noivo e nesta fase ele era bastante comunicativo.
Tentei outro contato, desta vez consegui fazer com que ela olhasse para mim, então perguntei algo pra ela, aquele olha vazio e a resposta dela pesou na língua enrolada. Foi então que me passou um fio de pensamento e no mesmo instante lembrei-me de uma reportagem que fiz tempos atrás na AMA – Associação de Amigos do Autista. Mesmo não sendo especialista – e estou longe disto, enxerguei muito dos traços de uma criança autista na Aninha*.
Aos poucos fui adquirindo a confiança dela e o contato entre nós duas ficou mais próximo. Consegui arrancar um olhar direto pra mim. Não sei descrever aquilo que senti quando ela olhou pra mim tentando falar algo que não saía de seus lábios. Procurei palavras e encontrei uma forma de tocar no assunto com a mãe dela, que contou que algumas pessoas já haviam comentado sobre o assunto, mas ela não acreditava que a filha teria algum problema. A menina nunca foi a uma consulta médica, mesmo percebendo os sinais no comportamento da criança, os pais nunca a levaram para qualquer especialista.
Ao final da conversa, a mãe, em um estresse perceptível na voz, comentou que a filha não tinha problema algum, que ela não fala porque ainda não tá na hora dela e em sua família há pessoas que pouco fala. Percebi que, caso a Aninha* tenha realmente autismo, a mãe custa a aceitar, não toquei mais no assunto. No entanto a Aninha* ficou na minha cabeça e pelo pouco que entendo sobre o assunto, sei a Aninha* precisa de acompanhamento especializado. O que me deixou triste foi perceber que ainda existe preconceito quanto a esta síndrome, por existir o preconceito, existe o medo de sofrer o preconceito. A sociedade ainda é muito cruel, apesar de já está mudando atitudes para conceitos como este.
Ainda brinquei um pouco com a Aninha*, brinquei o pouco que ela permitiu. Quando fui embora tentei despedir-me, acenei para ela diversas vezes, mas parecia que para ela não existia ninguém ali. Não contente fui tentar abraçá-la e ela mais uma vez me olhou, aqueles olhos...que ainda não me esqueci.
*Aninha: Nome fictício dado à personagem